Carta ao Peixe/ Writing to Mr.Fish

«Deus não nos deu um espírito de cobardia, mas um espírito de poder, de amor e de bom juizo.» «For God hath not given us the spirit of fear; but of power, and of love, and of a sound mind.»

Saturday 31 July 2010

Quero-te.

Wednesday 21 July 2010

Tropicalia

(gosto tanto de vê-lo assim animado... enche-me o coração de cada vez que sorri, e ri, e bate as palmas entusiasmado)

«Sobre a cabeça os aviões
Sob os meus pés os caminhões
Aponte contra os chapadões
Meu nariz
Eu organizo o movimento
Eu oriento o carnaval
Eu inauguro o monumento
No Planalto Central do País
Viva a Bossa -as -as
Viva a palhoça -ça -ça -ça -ça
Monumento é de papel crepon e prata
Os olhos verdes de mulata
A cabeleira esconde atrás da verde mata
Na mão direita tem uma roseira
Autenticando eterna primavera
E nos jardins os urubus passeiam a tarde inteira
Entre os girassóis
Viva Maria -ia -ia Viva Bahia -ia -ia -ia -ia -ia
No pulso esquerdo bang-bang
Em suas veias corre muito pouco sangue
Mas seu coração balança a um samba de tamborim
Emite acordes dissonantes
Pelos cinco mil alto-falantes
Senhoras e senhores ele põe os olhos grandes
Sobre mim
Viva Iracema -ma -ma Viva Ipanema -ma -ma -ma -ma
Domingo é o fino da bossa
Segunda-feira está na fossa
Terça-feira vai à
roça Porém
O Monumento é bem moderno
Não disse nada do modelo do meu terno
Que tudo mais vá pro inferno
Meu bem
Viva a banda -da -da
Carmem Miranda -da -da -da -da»

Tropicália, Caetano Veloso

Sunday 18 July 2010

Como estás, coração?

(ouço o barulho do pc a trabalhar...)

Querido Peixe,

Conhece a sensação de ficar à espera de virar o jogo a seu favor e de ficar aturdido
quando isso acontece?
Espera-se horas, e dias, e meses para afirmar-se de convicção e de coração «não.», apenas ponto final, sem ponto de exclamação.
Preparamo-nos para o momento decisivo: o que vestiremos, onde nos encontraremos, do que falaremos, com que caras esconderemos a ânsia, o desejo, a raiva, a pulsão, o amor.
Ai, o amor... ou será desamor? O que é isto que nos rasga por dentro, que nos leva-e-traz qual ondas brancas do mar a rebentar na costa?
E depois, eis que chega o momento, é aqui-e-agora e há que abrir o peito às balas. Nada se passa como imaginámos. Parece que se fica anestesiado de qualquer sentimento; percebemos que o corpo e o cérebro trabalham, mas fica-se alienado do que somos. Insensíveis, o objectivo é a defesa, a todo o custo. Será que é isto o que os soldados sentem quando combatem e matam? É horrível, é aterrorizante. Choro, meu querido peixe, choro.

Ainda não acredito que fui capaz de dizer «não fico» e de virar as costas.
Ainda não acredito que fui capaz de resistir.
Ainda não acredito que fui capaz de agredir, sem piedade nem misericórdia.
Ainda não acredito que, depois disto, fui capaz de manipular.
Ainda não acredito que fui capaz de matar. O sonho e o (des)amor.

E o que faz isto de mim, Peixe doirado?

Sua,
S.Star