Carta ao Peixe/ Writing to Mr.Fish

«Deus não nos deu um espírito de cobardia, mas um espírito de poder, de amor e de bom juizo.» «For God hath not given us the spirit of fear; but of power, and of love, and of a sound mind.»

Monday 11 June 2007

Gal Costa no Coliseu de Lisboa

Querido Peixe,

Esta canção é para a Miss Always...

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Baby

Você precisa saber da piscina
Da margarina, da Carolina, da gasolina
Você precisa saber de mim
Baby, baby, eu sei que é assim

Você precisa tomar um sorvete
Na lanchonete, andar com a gente
Me ver de perto
Ouvir aquela canção do Roberto
Baby, baby, há quanto tempo

Você precisa aprender inglês
Precisa aprender o que eu sei
E o que eu não sei mais, e o que eu não sei mais
Não sei comigo vai tudo azul
Contigo vai tudo em paz
Vivemos na melhor cidade
Da América do Sul, da América do Sul
Você precisa, você precisa
Não sei leia na minha camisa
Baby, baby, I love you
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I love you...
S.Star

Sunday 3 June 2007

Heartbreaker*

I got to say it and it’s hard for me
You got me cryin’ like I thought I would never be
Love is believin’, but you let me down
How can I love you when you ain’t around

And I get to the morning and you never call
Love should be everything or not at all
And it don’t matter what ever you do
I made a life out of lovin’ you

Only to find any dream that I follow is dying
I’m cryin’ in the rain
I could be searchin’ my world for a love everlasting
Feeling no pain
When will we meet again

Why do you have to be a heartbreaker
Is it a lesson that I never knew
Gotta get out of the spell that I’m under
My love for you

Why do you have to be a heartbreaker
When I was bein’ what you want me to be
Suddenly everything I ever wanted has passed me by
This world may end, not you and I

My love is stronger than the universe
My soul is cryin’ for you and that cannot be reversed
You made the rules and you could not see
You made a life out of hurtin’ me

Out of my mind, I am held by the power of you, love
Tell me when do we try
Or should we say goodbye

Why do you have to be a heartbreaker
When I was bein’ what you want me to be
Suddenly everything I ever wanted
Has passed me by

Oh...oh...oh...

Why do you have to be a heartbreaker
Is it a lesson that I never knew
Suddenly everything I ever wanted
My love for you, oh, oh, oh

Why do you have to be a heartbreaker
When I was bein’ what you want me to be
Suddenly everything I ever wanted
Has passed me by, tell me

Why do you have to be a heartbreaker
Is it a lesson that I never knew


*Heartbreaker - 1982
Dionne Warwick e Barry Gibbs

Diário duma tarde de trabalho 4

(Grace Jones canta "La vie en rose"...)
O Velvet e a janela da nossa sala de trabalho, mesmo debaixo das plantas...

Diário duma tarde de trabalho 3


(at seventeen we felt in love...)

Ali no Largo Rafael Bordalo Pinheiro, a super-fôfa pára sempre para cumprimentar a sua "amiga" babona: estão atrás do carro...

Diário duma tarde de trabalho 2



A merecida paragem para descanso e abastecimento...


Diário duma tarde de trabalho 1


(a rádio continua... a fine romance, my friend, this is...trálálá)

Querido Peixe,
Quer saber o que andámos a fazer, eu e a Super-fôfa, na 6ªFª à tarde?
A passear pelo Bairro Alto e pelo Chiado...
Olhó passarinho!

S.Star

O Sansão da Glória

(estou a ouvir a rádio marginal... why do you have to be a heartbreaker? )

Ó lindo Peixe!

Hoje, o sermão foi sobre o Sansão.
Lá diz o ditado, e muito bem, que Deus dá nozes a quem não tem dentes e neste caso deu força a um mocinho que se tornou num brutamontes cabeludo e caprichoso.
Claro que, e como sempre, Deus teve lá os seus propósitos e, se a maioria deles escapam ao nosso entendimento (caramba, afinal somos mortais!), há pelo menos um que entendemos: o gajo não teve carácter e desperdiçou a vida em escaramuças e merdices - exactamente como tanta gente a quem Deus deu um corpo saudável e uma cabecinha para pensar, mas que desperdiçam a vida em probleminhas de caca e em conflitos da treta.
De regresso a casa, dei por mim a comparar muitas empresas com o Sansão: têm os recursos necessários (produtos/serviços giros, pessoal excelente e localização privilegiada) para alcançarem o sucesso em 3 tempos e serem lideres de mercado, mas colocam todo o seu potencial em fanfarrices, birras e vinganças pessoais.
E saltando de comparação em comparação, esta macaca estatela-se na árvore do conhecimento: eu conheço o Sansão, porra!!!

Peixinho d'oiro, o que valeu foi que o Sansão foi mais útil na morte do que na vida e assim se prova que até o mais imbecil dos homens é um desígnio de Deus.

Para si, beijo
S.Star

Saturday 2 June 2007

Quem sou

Querido Peixe,

Aproxima-se o dia da "revelação": no próximo dia 22, vou ao hospital saber duma vez por todas (assim o espero) que tipo de doença tenho eu.
Já falámos algumas vezes sobre as nossas doenças, mas fica sempre algo por dizer, não é?
Até aos 6 anos, a minha doença chamava-se "hipotonia congénita benigna", consistindo numa redução da força muscular, de origem genética e cuja degradação não se previa galopante. E pronto.
Recordo-me de fazer muitos exames, de entrar nos consultórios médicos e andar pr'a lá-e-pr'a cá; recordo-me dos médicos falarem comigo quase a gritar e de fazerem perguntas tolas, a mim que não era (e não sou) surda, e que falo correctamente desde os 2 anos de idade, e que sei ler e escrever desde os 4, e que comecei a utilizar o garfo e a faca aos 2 (fui o orgulho da família, ser ainda bébé e já saber as regras da etiqueta!); recordo-me dos gritos estridentes dos outros meninos que também iam a Alcoitão e que sofriam tanto, tanto; recordo-me de haver meninos que por se babarem e fazerem "disparates" eram quase espancados pelos pais, meninos que viviam numa cadeira de rodas e que olhavam sempre para o tecto.
Mas, aos 6 anos fomos viver para Londres e tudo mudou: encontrei um espaço à altura da minha curiosidade e descobriram que afinal eu tenho uma "miopatia". Nessa altura, chamaram-lhe "mitocondrial".
De todas as coisas boas que Londres me trouxe, a melhor foi deixar de usar as botas ortopédicas e as próteses. Muitos anos depois, já em 2001, passei a frequentar as consultas de doenças neuromusculares do Hospital Santa Maria e aí fiz a 3ª biopsia da minha vida, num relatório que diz que tenho um bocadinho de todo o tipo de miopatias, predominando os tipos "central core" e "centronuclear".

Há pessoas que defendem que se eu não tivesse esta doença não seria como sou.
E como sou eu?
Sou muito pequenina e delicada.
Tenho caracois e olhos grandes, dum verde-azeitona que está sempre a piscar. Dizem que são magnéticos e que penetram na alma.
Ando duma maneira esquisita, assim como andam as pessoas que tiveram um AVC e que lhes custa a levantar as pernas. Há quem diga que deslizo. Mas, todos concordam que danço bem :)
O meu corpo é fraco, mas sou "rija".
Aprendi a tirar partido da minha doença da mesma maneira que uma mulher vistosa tira partido da sua beleza. Aliás, tanto é legítimo a Angelina Jolie esticar as maminhas para as câmaras e pedir ajuda para as crianças como é eu mancar ainda mais para que o funcionário das Finanças se compadeça de mim.
Claro que isto faz muita confusão nas cabecinhas da maioria das pessoas, mas no fundo penso têm inveja de mim: quiseram elas ter a coragem que eu tenho de tornar uma desvantagem numa sobrevivência. É uma questão de audácia e eu corro riscos todos os dias (sobretudo o de cair e rebolar ladeira abaixo até à Av. da Liberdade).
Há quem diga que sou caprichosa e sonhadora (e têm toda a razão!), mas tenho realizado os meus sonhos (até os mais "selvagens"!). À custa de muita luta, é certo, mas o que seria da vida sem o sal e as especiarias?
Sou determinada, motivada e dizem que dou luta. E às vezes, a maior das lutas é conciliar direitos, liberdades e garantias de várias pesssoas...
Adoro desafios e sou desafiadora, sou uma sedutora nata e eternamente feminina.
Creio que tenho carisma e sou inteligente. Dizem que tenho um sentido de humor fabuloso, mas terrível. Assumo as minhas responsabilidades e os meus erros. E sei que tenho tanto de boa pessoa quanto de sacana.
Reconheço como ninguém o poder da informação e não tenho pejo em utilizá-la - talvez seja por isto que sou tão eficaz quanto eficiente.
E tão apaixonada!

Todos os dias tento inventar-me para esquecer de que tenho dores.
Creio que sou forte e sou, sem sombra de dúvida, deficiente.

Sua,
S.Star