Carta ao Peixe/ Writing to Mr.Fish

«Deus não nos deu um espírito de cobardia, mas um espírito de poder, de amor e de bom juizo.» «For God hath not given us the spirit of fear; but of power, and of love, and of a sound mind.»

Sunday 18 July 2010

Como estás, coração?

(ouço o barulho do pc a trabalhar...)

Querido Peixe,

Conhece a sensação de ficar à espera de virar o jogo a seu favor e de ficar aturdido
quando isso acontece?
Espera-se horas, e dias, e meses para afirmar-se de convicção e de coração «não.», apenas ponto final, sem ponto de exclamação.
Preparamo-nos para o momento decisivo: o que vestiremos, onde nos encontraremos, do que falaremos, com que caras esconderemos a ânsia, o desejo, a raiva, a pulsão, o amor.
Ai, o amor... ou será desamor? O que é isto que nos rasga por dentro, que nos leva-e-traz qual ondas brancas do mar a rebentar na costa?
E depois, eis que chega o momento, é aqui-e-agora e há que abrir o peito às balas. Nada se passa como imaginámos. Parece que se fica anestesiado de qualquer sentimento; percebemos que o corpo e o cérebro trabalham, mas fica-se alienado do que somos. Insensíveis, o objectivo é a defesa, a todo o custo. Será que é isto o que os soldados sentem quando combatem e matam? É horrível, é aterrorizante. Choro, meu querido peixe, choro.

Ainda não acredito que fui capaz de dizer «não fico» e de virar as costas.
Ainda não acredito que fui capaz de resistir.
Ainda não acredito que fui capaz de agredir, sem piedade nem misericórdia.
Ainda não acredito que, depois disto, fui capaz de manipular.
Ainda não acredito que fui capaz de matar. O sonho e o (des)amor.

E o que faz isto de mim, Peixe doirado?

Sua,
S.Star

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