Carta ao Peixe/ Writing to Mr.Fish

«Deus não nos deu um espírito de cobardia, mas um espírito de poder, de amor e de bom juizo.» «For God hath not given us the spirit of fear; but of power, and of love, and of a sound mind.»

Thursday 8 March 2007

Respeito

(o gesso está deixar-me louca...)

Querido Peixe,

Não sei se já lhe disse que quando o meu pai morreu houve familiares nossos que se afastaram, familiares tão chegados quanto uma irmã é dum irmão, quanto primos-de-sangue são queridos.
Quando morre alguém que se ama sabe-se que as saudades serão eternas (o termo inglês everlasting é muito mais forte) e será impossível de "matá-las".
Quando morre alguém que se ama nunca se está preparado para esse arrancar-pedaço-de-nós e nem todos conseguem lidar e superar uma mutilação, que é física, porque sente-se uma dor no coração exactamente como se se tratasse dum enfarte do miocárdio (ou qualquer outro nome científico).
Fica-se mutilado e deficiente e, como com todas as deficiências, há que escolher uma das duas opções : ou enfrenta-se a "fera" cara-a-cara e de cabeça erguida, ou ignora-se que ela existe e evita-se a todo o custo qualquer relação com a cuja dita.
Escusado será dizer que a curto e médio prazo a última opção parece ser a mais fácil para "remediar" a dor.
Mas, qual analgésico (eu diria mesmo, placebo), apenas inibe os mecanismos que causam a dor e não a trata. E claro, quando se evita a visita ao médico para solucionar o problema, toma-se cada vez mais doses de analgésicos até que um dia fica-se dependente deles.
A primeira opção é a curto prazo mais díficil, tão difícil que rasga o corpo, a alma e mente.
Mas, a médio e longo prazo é que a única que apazigua, e conforta, e liberta.
É exactamente como quando éramos miúdos e havia um puto qualquer que, sem motivo, teimava em bater-nos, e batia, batia, batia. Batia até ao momento que lhe fazíamos frente.
Lembra-se?
E o que acontecia depois?
Pois... até podíamos apanhar a sova da nossa vida, mas o sacana do puto jamais nos voltava a tocar.
Porque ganhou-nos respeito.
Respeito.
O tal que cantou Aretha Franklin R-E-S-P-E-C-T.
Mas, sabe o que é mais engraçado nisto tudo, peixinho-meu?
É que em todas as situações da vida há sempre a escolha entre as tais duas opções e, na maioria das vezes, a maior parte das pessoas prefere virar as costas... ignorar.
Não têm respeito por elas próprias e não se dão ao respeito.
Não admira que a vida seja "madrasta" e não os respeite.

E, de vez em quando, reconhece-se que se virou as costas a Deus e oferece-se flores às estrelas...

beijo,
S.Star

2 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Sei de um que também falava com peixe. Parece que não deu resultado.

O homem abandonou-se a si próprio e deus olha pró lado.Digo eu!?

Eu oiço-te a ver se aprendo. Quem sabe!

14/3/07 13:25  
Blogger Sandra Marques Augusto said...

Quem sabe se eu aprendo contigo? :)
É provável que sim.
Por isso, tens de visitar-me mais vezes :))

E isto de dizer coisas sobre realidades que se desconhece não é lá muito seguro... Eu, por exemplo, não comento a constituição eslava, ou outra que não seja a de Portugal, porque desconheço o seu conteúdo...

E parece-me que falar com animais dá sempre resultado :)))
Afinal, puseste um comentário no blog desta macaca e ela respondeu-te!!! :))

Até breve!
S.Star

15/3/07 13:08  

Post a Comment

<< Home