"Nim" ou o referendo de 11 de Fevereiro de 2007
Lindo Peixe,
A faltar 3 dias para o referendo, pronuncio-me finalmente sobre o assunto.
E à cabeça, quero já dizer-lhe que discordo de toda esta "treta" de campanhas partidárias e propaganda, de debates e discussões: só servem para gerar (ainda mais) confusão, para criar juizos de valor e fomentar ódios.
Informação que é bom nicles.
Quero saber:
1- Qual é a pergunta que se faz no referendo?
Eu já ouvi tanta coisa... despenalização da mulher que faz o aborto, despenalização e legalização do aborto...
2- No caso da maioria decidir o "Sim", qual a proposta de lei que o governo tem preparada para substituir a actual lei?
3- Como se faz o combate ao aborto clandestino? Há agentes infiltrados nos hospitais e nos centros de saúde, à porta das consultas de planeamento familiar, a tentar descobrir quais são as mulheres que querem abortar? Há gentes inflitrados nos locais de trabalho a ouvir as conversas dos homens que não querem ter (mais) um filho?
4- Por que razão é a mulher penalizada quando é preciso um casal para fazer um filho? Família, não há? Direito da mulher a decidir fazer do corpo dela o que bem entende quando no momento em que decide ter um filho está a colocar o corpo "ao serviço" da família?
5- O que acontece a uma mulher quando um aborto corre mal? É assistida no hospital? Vai logo para a esquadra?
6- E o que acontece quando uma mulher, ou um casal, quer entregar o filho para a adopção? Os serviços estão preparados para assistir os pais biológicos e os pais adoptivos?
Há tantas perguntas para fazer... e tão poucas respostas...
E, como em qualquer matéria, se as queremos obter temos de procurar informação, escolher e fazer uma análise final. Só que neste assunto a análise carece dum empenho de todas as nossas capacidades cognitivas, porque implica a mente, e o sentir, e o físico, e o outro, e...
Se votar sim, estou a despenalizar quem faz um aborto, mas estarei a abrir a porta para a legalização do mesmo e à sua prática como método de planeamento familiar.
Se votar não, o meu juizo de valor condenará mulheres por algo que acredito não ser crime, mas impedirei que a prática do aborto se torne um método de planeamento familiar.
Este referendo é uma questão de consciência, mais do que uma questão de vida.
Para mim, peixinho-d’ouro, a questão da Vida nem se coloca: a vida é uma bênção de Deus, assim como o é o livre-arbítrio. Aliás, este último é, a meu ver, a maior bênção de Deus, porque sem a liberdade de escolha jamais poderíamos conhecer Deus nem aceitar Jesus como o caminho, e a verdade, e a vida.
Pelo “nim”,
Sua S.Star
2 Comments:
Governo deve tomar medidas em vez de pedir ao povo a solução
Não ! - Não à legalização do aborto através da falsa bandeira (engodo) da despenalização !
A despenalização do aborto é outra forma enganadora de combater o aborto. O número de interrupções de gravidez, no mínimo, triplicará (uma vez que passa a ser legal) e o aborto clandestino continuará - porque a partir das 10 semanas continua a ser crime e porque muitas grávidas não se vão servir de uma unidade hospitalar para abortar, para não serem reconhecidas publicamente.
O governo com o referendo o que pretende é lavar um pouco as mãos e transferir para o povo a escolha de uma solução que não passa, em qualquer uma das duas opções, de efeito transitório e ineficaz.
Penso que o problema ficaria resolvido, quase a 90 %, se o governo, em vez de gastar milhões no SNS, adoptassem medidas de fundo, como estas:
1 – Eliminação da penalização em vigor (sem adopção do aborto livre) e, em substituição, introdução de medidas de dissuasão ao aborto e de incentivo à natalidade – apoio hospitalar (aconselhamentos e acompanhamento da gravidez) e incentivos financeiros. (Exemplo: 50 € - 60 € - 70€ - 80€ - 90€ - 100€ - 110€ - 120€ -130€, a receber no fim de cada um dos 9 meses de gravidez). O valor total a receber (810€) seria mais ou menos equivalente ao que o SNS prevê gastar para a execução de cada aborto. (*)
2 – Introdução de apoios a Instituições de Apoio à Grávida. Incentivos à criação de novas instituições.
3 – Introdução/incremento de políticas estruturadas de planeamento familiar e educação sexual.
4 – Aceleração do "Processo de Adopção".
(*) Se alguma mulher depois de receber estes incentivos, recorresse ao aborto clandestino, teria que devolver as importâncias entretanto recebidas (desincentivo ao aborto). [Não sei se seria conveniente estabelecer uma coima para a atitude unilateralmente tomada, quebrando o relacionamento amistoso (de confinaça e de ajuda) com a unidade de saúde].
Estou para ver se os políticos vão introduzir, a curto prazo, algumas deste tipo de medidas. É que o povo, mais do que nunca, vai estar atento à evolução desta problemática.
Pois eu também sou a favor da eliminação da penalização em vigor e das medidas que defende.
E por tudo o que escreveu é que eu digo que este referendo é uma questão de consciência.
Em relação à participação do povo... o povo deveria estar sempre atento a todas as problemáticas e deveria ser sempre, sempre exigente, a começar por si mesmo e pelas escolhas que faz e que se expressam pelo voto.
O governo (actual e passado) é uma dessas escolhas...
S.Star
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