Carta ao Peixe/ Writing to Mr.Fish

«Deus não nos deu um espírito de cobardia, mas um espírito de poder, de amor e de bom juizo.» «For God hath not given us the spirit of fear; but of power, and of love, and of a sound mind.»

Saturday 28 October 2006

Tomei consciência

(a ouvir Pedro Abrunhosa enquanto faço apresentações em Powerpoint, recorto mais revistas e componho o blog…)

Querido Peixe,

Ao ouvir este CD do Pedro Abrunhosa recordo-me do concerto que assisti no pavilhão Atlântico e do tempo em que ainda tinha a editora. Foi apenas há 2 anos e, no entanto, parece-me que se passou uma eternidade.
Desde que o meu pai faleceu que a minha percepção do tempo alterou-se e ainda que a noção do tempo linear e contínuo persista, esta já não a “eleita”: há dias em que existo quando tinha 2 anos de idade; há dias que existo ao lado dos meus avós, e do meu pai, e da Célia; há dias em que olho para a minha mãe e ela ainda é nova e a minha mana um bébé; há dias em que a minha percepção do finito é tão devastadora quanto é a minha esperança na (da) eternidade.
Dizem-me quem já perdeu um pai (ou mãe) que é mesmo assim. Então, paciência que se lixe!
Mas, peixinho d’oiro, o certo é que desde então este viver-existindo-noutro(s)-tempo(s) fez mais por mim do que antes: passei a tomar consiência de que todos os meus verbos (viver, comer, respirar, dormir, recordar, trabalhar, etc.), por mais insignificantes que sejam, são objecto da minha atenção – porque, com eles aprendo.
E ultimamente, graças a Deus, a aprendizagem mais importante foi dar-me conta dos meus erros e, o melhor de tudo, pedir perdão por eles.
Compreendo agora por que tanta coisa falhou na minha vida.
Sabe, querido peixe, deveria ter confiado em Deus e preferi investir em trabalhos cujo âmago me eram desagradáveis, permiti que o conselho dos outros turvasse a sinceridade dum amor, coloquei a minha presunção à frente da comunhão e substimei Deus. E foi preciso que ele se afastasse abruptamente para que eu me desse conta de tudo isto…

Peixinho, quando Deus entra na nossa vida tornamo-nos numa criatura nova, mas a consciência desta transformação não é imediata - porém, quando isso acontece e, por mais penoso que seja perceber o quanto errados estavamos, é maravilhoso!!
Porque significa que temos aqui-e-agora outra oportunidade :)

Solta-te a voz lá fundo/ Grita, mostra-me a cor do céu”*
S.Star

*
Pedro Abrunhosa

2 Comments:

Blogger Always said...

Aprendo tanto contigo, querida amiga!

Escolhi, para partilhar contigo, este poema de Mário Quintana porque reconheço nele o que me tens ensinado por palavras tuas:

Com o tempo, você vai percebendo que para ser feliz com uma outra pessoa, você precisa, em primeiro lugar, não precisar dela.
Percebe também que aquele alguém que você ama (ou acha que ama) e que não quer nada com você, definitivamente não é o alguém da sua vida. Você aprende a gostar de você, a cuidar de você e, principalmente, a gostar de quem também gosta de você. O segredo é não correr atrás das borboletas... é cuidar do jardim para que elas venham até você.
No final das contas, você vai achar não quem você estava procurando, mas quem estava procurando por você!


AB

31/10/06 23:40  
Blogger Sandra Marques Augusto said...

Miss Always,

Aprendes comigo, o quê?
Só se for a rir muito e alto :))

O resto, amor, é só resto.
Importante é estares aqui - e quando é que vamos almoçar?

S.Star

12/11/06 17:37  

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