Carta ao Peixe/ Writing to Mr.Fish

«Deus não nos deu um espírito de cobardia, mas um espírito de poder, de amor e de bom juizo.» «For God hath not given us the spirit of fear; but of power, and of love, and of a sound mind.»

Sunday, 23 July 2006

MANTER, RECICLAR, DEITAR FORA

(à minha volta, recortes de revistas…)

Querido Peixe,

Dei-me conta de que nos processos de “reciclagem estrutural” tudo é objecto de catalogação: roupas, mobílias, acessórios, trabalho, emprego, memórias, amigos, amantes, família – nada escapa ao MANTER, RECICLAR e DEITAR FORA
.
Esta semana telefonei à D. Herrero Inácio, que já andava há tanto tempo a pensar nela e no bébé que está quase a nascer, mas o tempo gosta de nos ludibriar e coloca-nos no caminho e nas vontades barreiras – já se sentiu um atleta dos 100 metros barreiras completamente esgotado e a cortar a meta em último lugar?
Foi como me senti quando ela me disse tenho tantas saudades tuas!
Quando desliguei o telefone, olhei pela janela e lembrei-me de que afinal já nos conhecemos há quase 15 anos e parece que estamos na mesma, a mesma voz, a mesma vontade de nos abraçarmos. Não me recordo do dia em que a conheci, mas tenho presente o dia em que ela apareceu lá em casa juntamente com o namorado-que-tinha-a-mania-de-dar-carolos-na-cabeça-dela-cada-vez-que-não-concordava-com-ela e que me apanhou aos beijos-e-amassos com o Sr. 46; recordo-me da vez que fomos ao bingo de Cascais e ela, sem saber jogar, fez Bingo! e enfureceu os velhos que estavam a jogar há horas, e às dezenas de cartões, sem sorte; recordo-me do dia do seu casamento, que foi o casamento mais bonito a que assisti.
Tenho estado a renovar o guarda-roupa, a reciclar malas, tenho aproveitado as páginas de revistas para fazer capas de cadernos, tenho deitado fora revistas (depois dos recortes, claro) e catálogos La Redoute, tenho abandonado utopias e estou com ideias novas, abduzi pessoas, pintei as unhas de sparkeling pink orange e tornei-me fã da depilação brasileira.
Deitei fora e reciclei.
Hoje, limpei algumas canetas que eram do meu pai e do meu avô e lembrei-me da voz deles, das gargalhadas do meu pai, da minha mana a brincar comigo… vou manter para sempre esses momentos e a D. Herrero Inácio, custe o que custar, doa a quem doer.

Peixinho-meu, partilhe comigo a minha amiga e espreite
http://opasteldenata.blogspot.com

Pó-de-estrela,
S.Star

1 Comments:

Blogger rita said...

Sinto-me feliz por te conhecer.
Sente os meus beijos e o meu abraço. Cheiras tão bem e ainda me lembro.

Claro que te faço todos os tipos de mousse. Vou tentar aprender a fazer scones. Os clepes saem-me melhor.

Te quiero mucho.

17/8/06 22:23  

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