Carta ao Peixe/ Writing to Mr.Fish

«Deus não nos deu um espírito de cobardia, mas um espírito de poder, de amor e de bom juizo.» «For God hath not given us the spirit of fear; but of power, and of love, and of a sound mind.»

Sunday, 3 December 2006

La Matadora

(ouvia Dave Brubeck...)

Peixinho-meu,

Se há situações que nos distraiem da persecução dos nossos objectivos, outras há que nos alertam, qual reclame luminoso acende-apaga-acende, para a urgência de os cumprir.
E não basta pedir diariamente a Deus que nos conceda os desejos do nosso coração, é preciso agir: umas vezes, activando esse instrumento chamado fé; outras, agindo em conformidade com o que pedimos; a maioria das vezes, recusando ser o efeito duma causa destrutiva; e todas as vezes, sendo cada vez mais e melhores.
Há quem diga que se eu não tivesse tido esta doença e esta deficiência não seria assim tão persistente, que teria sido uma derrotada em vez duma lutadora.
Diz quem se contenta com uma mediocridade existencial que exaspera.
O que poucos sabem, peixinho d’oiro, é que o que realmente me satisfaz é a excelência – o Muito bom ou o Muito mau, mas sempre-e-para-sempre o excelente.
Porque houve tempos em que para alcançar o excelente bebi até perder a consciência e, como não foi suficiente, matei-me duas vezes.
Claro que para os assassinos a linha entre o Bem e o Mal é muito ténue, o que subsiste sempre-e-para-sempre é a tal excelência que nos leva “mais alto, mais longe, mais rápido”.
Tive a minha sentença e preparei-me para cumprir pena numa prisão de máxima segurança, mas obtive amnistia divina e percebi qual o caminho que mais favoravelmente me leva à Perfeição.
E eduquei a minha mente criminosa a construir: escolho o desafio e imagino o prazer que terei quando o concretizar; fixo-o exactamente como fixava a minha vítima e não desvio o olhar dele; estudo ao mais pequeno pormenor todas as formas de o alcançar e opto pela que mais se adequa; e elimino todos os obstáculos da mesma forma com que matava tudo e todos os que se entrepunham entre mim e a minha vítima.
Bem vistas as coisas, não sou uma lutadora… sou uma matadora!


Amanhã, vou vestir Prada.
S.Star

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