Castigo de Deus
(Reflicto sobre O Princípe de Maquiavel...)
Peixe d'Ouro,
Sempre considerei a ingenuidade como uma qualidade* a evitar e se durante muito tempo não percebi o motivo desta "náusea", hoje dou-me conta dele: quer se tenha agido em plena consciência do que se estava a fazer ou quer se tenha agido sem se dar conta do que se estaria a fazer, o resultado é que tanto Deus como o Direito (art.º 6 do Código Civil) julgam apenas as consequências dos actos.
E não há pão para malucos, que é como quem diz não há desculpa. Só castigo.
E defesa, que mesmo com o castigo à vista (resta saber se será aplicado e como será aplicado) todos temos direito a defendermo-nos.
E eu também tenho esse direito, ora bolas! Por isso, mesmo que me tenha sido negado um julgamento público com juiz e advogado, recorro a si para que se torne pública a minha defesa.
Houve uma guerra.
Uns desejaram-na e provocaram-na, outros alistaram-se para combatê-la e houve quem fosse recrutado à força.
Quando regressei ao trabalho, depois de meses doente em casa, encontrei um clima de instabilidade que muito contribuiu para o prolongamento do meu estado deprimido. É verdade que todas as empresas são "mares de rosas cheias de espinhos", mas há umas em que as rosas murcharam e os espinhos picam a valer... Mas, é compreensível, afinal as empresas são feitas de pessoas e todos nós temos feitios diferentes.
O meu primeiro erro foi deixar-me arrastar pela instabilidade que algumas pessoas exacerbaram. Deveria ter resistido procurando refúgio em Deus, o meu Deus que me ensina que a língua é um orgão tão pequeno, mas que dá tanto trabalho!!
Eu bem tentei desviar os queixumes, mas aos trambolhões lá fui até ao dia em que recebi a proposta irrecusável de ir trabalhar para uma das melhores empresas em Portugal...
O departamento onde trabalho tinha sofrido há coisa de 1 ou 2 dias uma baixa e seria muito mau se outra pessoa saísse também nessa altura. O meu dilema foi enorme, meu querido Peixe, nem imagina como me senti... como um pássaro que quer voar, mas que está preso numa gaiola. E o pior foi ter apenas algumas horas para decidir o que fazer.
E a primeira coisa que fiz foi falar com a direcção da empresa onde trabalho.
Solicitei uma reunião urgente e expliquei que tinha recebido um convite para trabalhar noutro sítio.
Expliquei que compreendia que aquele era um péssimo momento para eu sair, expliquei que não ficaria de bem com a minha consciência aceitar uma proposta sem primeiro discuti-la com a gerência.
Expliquei que, para tomar a minha decisão, necessitava de saber a posição da direcção face a alguns assuntos de extrema importância: o motivo da instabilidade vivida e que medidas seriam tomadas para acabar com ela - existiria a intenção de provocar uma falência? Se sim, até quando é que se iria arrastar com esta situação e que futuro para os trabalhadores? Se não, por que razão não se havia resolvido a questão, já que trazia implicações nas tarefas de cada um? Haveria garantia do meu salário ser sempre pago e a tempo-e-horas? Quais as perspectivas de evolução da minha carreira?
Depois de discutidas estas questões, obtive o compromisso da manutenção e promoção das minhas tarefas. E face ao adverso, foi-me pedido que ajudasse a direcção a implantar as medidas para resgatar e garantir a estabilidade da empresa.
E este foi o meu segundo e grande erro - Eisntein disse que não devemos fazer algo que vá contra a nossa consciência, mesmo que o Estado nos peça...
Apesar de não me ter apercebido que fui ingénua (que eu tanto detesto!!), o meu acto gerou consequências e por elas recebi o castigo, de Deus.
Gerou-se mau ambiente e as minhas tarefas não foram promovidas, mas ainda assim estou contente, porque castigada evolui e, com o perdão de Deus, sonho outra vez com as Suas promessas.
Obrigada, meu querido Peixe, sempre tão pronto para mim...
Gosto de si.
S.Star
* no sentido gramatical
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